10.10 - Ηράκλειο
Dito e feito, o condicionador de ar não ligou mais. Passei o dia nutrindo a fantasia de que entrariam no quarto para arrumar a cama, e aproveitariam para corrigir o que quer que estivesse errado com o aparelho. De fato entraram, mas nem perceberam que algo não estava funcionando lá, ou deram um foda-se mesmo. Então, boa parte da noite tendo que escolher entre o já ruim calor sem ar condicionado e o calor pior anda coberto pelo lençol, ou tomar picada de pernilongo, até que consegui matá-lo, umas duas horas de suplício depois. Espero que o cadáver sanguinolento do bicho não saia da parede da tia nunca mais.
A manhã foi nada digno de nota, nos voos a caminho de Iraklio. Desta vez as passagens foram meramente econômicas, e não miserávelmente proletárias, então podia levar uma mochila nas costas sem achaque, e tinha até comida no avião. Não que tenha sido grande coisa, dois voos curtinhos, de 1 hora e de 40 minutos, num deles o rango se limitou a um mero biscoito.
Por aqui, aquele sol cáustico continua inclemente, mas pelo menos sem a umidade de ontem em Malta. Três semanas submetido a ele me deram aquele bronzeado total blue que me faz já nem temer mais tanto as 4 horas e alguma coisa de exposição durante a próxima corrida.
Lugares turísticos oficiais, Iraklio tem poucos, como boa parte das cidades visitadas nesta viagem. Em sua porção mais afastada, nas proximidades do aeroporto e do próprio hotel, não difere também de boa parte das periferias nas quais temos nos metido. Mas, ah, que diferença o centro da cidade! Justamente lá, onde se esperaria uma arquitetura mais antiga, como via de regra nas regiões centrais, encontramos, depois de semanas caminhando por aquelas ruas estreitinhas, cheias de prédios erodidos de séculos atrás, e de rencas intermináveis de turistas, uma região moderna, limpa, ampla, cheia de lojas interessantes, com ainda bastantes turistas, mas numa medida mais certa, sem aquele entupimento que tem sido tão frequente nesta viagem.
A prática recreativa da leitura esporádica de cirílico deixou minha leitura de grego, conquanto ainda titubeante, melhor do que ela jamais foi. Mas, assim como com o russo, continuo obviamente não entendendo nada do que leio. Tamos juntos, Luis Ignácio! Faz o L!