03.10 - Vesuvio, Ercolano

Dia começado hoje batendo cabeça pra descobrir como chegar ao Vesúvio, com as indicações obscuras e herméticas do Google Maps, este primor da informação clara e correta, só comparável ao ChatGPT, mudando a cada 15 segundos, apontando para pontos de ônibus inexistentes, enquanto o tempo passava, e havia horário marcado para entrar no parque. 
No final, encontramos um trem baratinho até Herculano, a cidade, porém, de lá, até onde conseguimos descobrir, a única e usurária alternativa até o vulcão era um ônibus particular, a 10 euros por cabeça, pelo menos ida e volta.
Na chegada do ônibus à entrada do monte, o condutor fez questão de ressaltar, da forma mais grosseira que conseguiu, que a viagem de volta seria dali a duas horas, que era tempo suficiente para conhecer o vulcão. De fato, se não na forma, tinha razão no conteúdo. Vesúvio é aquilo: caminha-se um tanto até a borda da cratera, fica-se andando ao redor daquilo, olhando pra baixo e vendo só um buraco nem tão fundo assim, cheio de terra e rocha, e depois dá no saco, a gente vai embora e pronto. Nada de lava, tremores ou borbulhas de magma, no máximo uma fumacinha num canto da parede, que fiquei em dúvida se era emanação do vulcão ou só uma nuvenzinha mesmo. Das duas horas que temi que não viessem a ser suficientes, ainda restou uma meia pra ficar esperando o transporte de volta chegar.
No caminho de volta, já estávamos por lá mesmo, propus pelo menos passarmos pela frente das ruínas da Herculano antiga. E, grata surpresa, finalmente. Deus devia estar distraído ou ter saído pra fazer um xixi. Pra descer lá pra ficar passeando pelas ruínas efetivamente, tinha que pagar. Mas do acesso por uma rampa superior dava pra ver a maior parte de tudo aquilo, então Herculano também entrou no pacote, inopinadamente. Meio como se, naquela saída com um casal que mencionei ontem, o marido tivesse ficado tão emocionado e agradecido por você ter comido a esposa dele que te desse uma chupadinha de brinde depois.
Mesmo com a adição de Herculano ao pacote, ainda restava um final de tarde para flanar pela suja e malcuidada Nápoles. Entramos em uma igreja que estava exibindo uma instalação gratuita. Lá dentro, uma daquelas performances meio esquisitas, com a artista se espreguiçando lentamente em cima de um colchão, ao som de um áudio pouco compreensível em italiano. Mas aí as assistentes vinham convidar as pessoas da platéia a passar por uma "experiência de relaxamento mais profunda", e éramos levados para cantinhos da igreja, onde tive a oportunidade de ser cuidado, ajeitado, relaxado e quase que soterrado sob lençóis e cobertores por uma mulher recém-convertida ao time feminino, legítima portadora daquele algo a mais. Quem diria, a esta altura de minha vida, sentir aquelas mãos viris pelo meu corpo...
Hoje choveu de novo, como consistentemente já indicado pelo aplicativo, depois de mais de duas semanas de sol inclemente. Chuva é que nem camisinha, se deixados à própria sorte, a gente tende a esquecer que ela existe.

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