21.09 - Ston

A chegada a Ston não foi difícil, parece que a viagem de volta em tempo de pegar o avião, o maior de meus pesadelos antecipados desta viagem, também não vai ser. Mas a outra previsão foi certeira: a cidade é uma titiquinha, um vilarejinho com umas cinco ruas, dá pra percorrer inteira, quarteirão por quarteirão, em 15 minutos. Ainda assim, também estava infestada por turistas, que, se não chegavam a constituir numerosas catervas, tampouco pareciam estar aqui em virtude da corrida. E não tem nada pra fazer neste cu de mundo...

A maratona também parece minúscula, com 217 inscritos, contadas todas as categorias. O local de entrega do número era uma barraquinha armada na pracinha da cidade. Agora à noite, enquanto escrevo estas pouco talentosas palavras, segue rolando na mesma pracinha uma festinha para os maratonistas, com ampla distribuição de salaminho, pão de forma e refrigerante doce de marca duvidososa, com a apresentação de um par de senhores de abdome avantajado que deve ser o equivalente deles de uma dupla sertaneja. Ao passarmos por lá, umas duas dúzias de corredores a frequentavam, se tanto.

O percurso desta vez é contínuo, com umas porções de chão batido e boa parte em estradas de asfalto. Pra um evento tão pequeno, não faço ideia de como vão isolar uma faixa para os corredores, se é que vão. E temo pelo efeito de rarefação pelo qual já passei em Kassel, onde de fato errei o caminho, porque os corredores vão se dispersando ao longo do trajeto, a sinalização é insuficiente, e em determinado momento a gente, sem fluxo para seguir, não sabe pra onde virar.

Mas a ideia mais imbecil foi a de fazer a corrida passar por dentro da muralha de Ston, com um caminho absurdamente irregular para chegar até sua entrada e, nela, alguns milhares de degraus de subida e descida, em chão de paralelepípedos irregulares e caminho estreito, impossibilitando até mesmo uma ultrapassagem confortável, sem que a pessoa da frente tenha que se encostar num canto para dar passagem à outra. Fomos fazer a caminhada de reconhecimento deste trecho nesta tarde. Enquanto passeio, já é árduo e com risco de tropeços, escorregões, quedas e entorses. Imagino correndo. Um país mais sério cabalmente proibiria uma corrida neste tipo de terreno, mas o marketing a transforma num evento raro e uma experiência única. Não deixa de ser. Mas tomar uma cadeirada do Datena ou uma bolinada do Silvio Almeida também é. 


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