17.09 - Helsinki

Fatos a respeito do hotel aqui em Helsinki: é o mais tosco até agora, um hostel na verdade, com aquele padrão espartano, ainda que na Finlândia, de quarto: uma caminha de solteiro em cada canto, uma mesa, uma cadeira e um armário. Ponto. Nem a luzinha de cabeceira funciona. Já sofri muito tédio com este tipo de quarto nos tempos em que não existia internet ou celulares e tablets. Mas, em compensação, tem barulho de passarinho sendo constantemente tocado no banheiro, assim o cocô pode sair alegre e dançante. Também tem, como inevitável, uma sauna, gratuita pela manhã. Hoje, conversando com um senhor finlandês, que também estava lá peladão e polidamente desviando o olhar de minhas partes pudendas, este me disse que "aqui, sauna não é como sexo. Levamos a sério, fazemos todas as quartas e sábados". Como hoje é terça, provavelmente se trata de um compulsivo saunal.

Boa parte da manhã foi passada sob uma neblina mais densa do que a concentração de lipídios em minha pança. Desfez-se ao longo da manhã, então pelo menos na volta do ferryzinho pra Suomenlinna deu pra enxergar alguma paisagem. A ilha, ali do ladinho da cidade, e cheia de turistas, ainda assim parece afastada uns 300 km da civilização, em seu silencioso bucolismo.

Depois, almoçamos finalmente no buffet perdido ontem, que, no fim, de finlandês, não tinha muito, mas era farto, como não me deixa mentir minha circunferência abdominal.

Em seguida, emplacamos a walking tour também perdida ontem, da qual, sob veementes protestos, fugi ao arrepio da molecagem para a qual já estou velho demais, sem pagar, e em decorrência do que uma veia na minha testa segue latejando de vergonha e constrangimento até agora.

Mas a vida nos pune. Em dobro quando estamos errados. Teria tentado fugir da caminhada de qualquer maneira, mas a fuga precoce foi motivada pela vontade de visitar o museu do punk, onde achei que fosse encontrar vasto material sobre o Clash e os Stranglers, mas era apenas uma salinha, cheia de fotos e texto sobre o movimento punk na Finlândia, algo absolutamente hermético e desinteressante até para os locais. Nessa morreram cinquinho euros. E ganhei de brinde um CD com três músicas, provavelmente ruins, com o qual vou ficar mais quase um mês passeando em minha mochila, antes de ter a oportunidade de escutar e reprovar.

Em seguida, fomos lá pra lonjão, de trem, cometer mais uma vez aquele tipo de erro que a cada nova viagem a gente se esquece de que já cometeu antes: ver uma exposição que parecia superbacana no site com a agenda cultural cidade, como tudo parece, mas, ao chegar, era também apenas outra salinha, com umas merdas feitas em isopor por umas criancinhas da primeira série. Pelo menos foi de graça. E deu pra andar um tanto no transporte público helsinkíco (ou helsinkiano?), pagando por um day pass que em nenhum momento vieram conferir.


Postagens mais visitadas