16.09 - Helsinki
Quando estamos em situação de diarréia, por mais que tentemos manter o cocô dentro de nossas bundas, ele força seu caminho para fora, via de regra explosivamente, e com efeitos frequentemente indesejados, a menos que sejamos o Gustavo Scat. De forma inversa, alguns dias cismam em se enfiar na bunda da gente, e quanto mais resistimos a esta penetração, mais fundo eles se encistam lá em nossas mais recônditas entranhas. Hoje foi um deles. Se não chegou a superar aquele imbatível desperdício de um dia de vida e de viagem de San Diego, dois anos atrás, quando passamos todo o tempo disponível dentro de ônibus, correndo de um lugar para outro, apenas para chegar lá tarde demais e já ter que começar a correr atrás do local seguinte, ao menos foi um esforçado concorrente.
Saímos do hotel relativamente tarde, por falta de necessidade de acordar cedo hoje. Apenas um café da manhã leve, pra podermos encher o pandú em um buffet livre de comida com cara mais nórdica que fuçamos na internet. Em seguida, uma hora de caminhada até um museu que, infestado pela praga da segunda-feira, estava fechado, e depois, mais meia até um espaço de exposições confusíssimo, no qual o que importava era pago, e as coisas gratuitamente expostas pouco mais eram do que desenhos com lápis de cor da aulinha de recreação infantil dos filhos das pesssoas que alugavam o espaço.
Depois, mais uma hora de bateçåo de perna até o monumento de Sibelius, só pra dar aquela lambidinha e sair correndo pro lugar do almoço, que àquela altura já não dava tempo de ser no local programado, por estar muito longe e termos pouco tempo até o início da free tour reservada (sim, que vergonha, mais uma...)
Esta é a cidade dos buffets livres, com dezenas de restaurantes os oferecendo no almoço, mas aí já estava tarde demais, e os restaurante já haviam encerrado ou então a comida já se encontrava naquela condiçáo terminalmente decrépita, mais caída do que meu também já mais do que passado birigüi. Ficamos então pulando de cá pra lá atrás de algum lugar que ainda servisse um rango digno, até acabarmos arregando e comendo em mais um buffet asiático mesmo, este sim finalmente com a comida fresquinha. Mas então já havíamos perdido a hora da caminhada fazia tempo, e era tarde demais para dar tempo de chegar a um sing along, fosse isto o que fosse, que havíamos encontrado lá lonjão, na periferia da cidade. Nada a fazer, então, senão voltar para o hotel cedo demais, e passar a noite assistindo a seriado.
E roupa velha é que nem esposa de longa data, já está toda puída e esfrurdricada, mas a gente ainda guarda alguma memória e carinho pelos dias em que ela estava lá inteirona, sedosa e aconchegante. Mas tudo neste universo chega a um fim, exceto minha própria existėncia, que parece que não se extinguirá jamais, e hoje finalmente chegou a hora de dar um chutão na minha camiseta de estimação, como a gente acaba fazendo também com a esposa ao se apaixonar por uma menininha de 20 anos. Ou um menininho. Agradeço imensamente a ela pelos serviços prestados. Tchau.
Comprei outra por 4 euros numa loja de segunda mão. Nunca havia comprado uma camisa usada antes. Mas, assim como com as mulheres, depois de certa idade a gente tem que se conformar com que elas já tenha passado na mão de outro, ou outros, homens, e desde que não venham com um cheirinho ruim ali nas dobrinhas, que se há de fazer, tá valendo...
Também comprei mais dois bichinhos de pelúcia na mesma loja, além da capivara, que encontramos no chão em uma praça, abandonada pelo antigo tutor, e resolvi adotar também. A famîlia está crescendo rapidamente.