10.09 - London
Dia dois da maratonação de musicais.
Ontem havia visto que também está em cartaz por aqui o Rocky Horror Show, do qual já vi duas montagens e veria tantas outras quantas pudesse. Mas já estávamos com todas as noites compradas, e só havia apresentações a partir da quarta mesmo. Igualmente para o show caríssimo dos ABBAs virtuais.
Pra fazer hora até às 19:30, fomos pela manha ver uns negócios nuns museus aí, e, à tarde, contrariando uma resolução de viagem nova minha, arranjei uma caminhada "grátis" temática do Harry Potter.
Como já dizia o Buda, a vida é sofrimento, e frequentemente o que nos é dado fazer é escolher por qual das dores, neste imenso cardápio da existência, queremos passar. Meio como decidir entre se entra o punho ou a piroca. No caso das caminhadas, a dura escolha entre pagar o guia e ficar sofrendo por causa do dinheiro perdido, não pagar e sofrer com a enorme indelicadeza cometida, pagar pouco e passar basicamente pela mesma situação anterior, ainda por cima perdendo uma graninha, ou fugir do grupo na cara dura no fim da caminhada, repetindo uma molecagem que, sinceramente, já estou velho demais pra ver graça em continuar sustentando.
No final, dava pra fugir, o grupo era grande. Mas o rapaz era divertido, não achacante como o cara de Xangai foi, merecia ganhar um dinheirinho pra sustentar seu vício em crack. Combinamos pingar cinquinho pelos dois, achei uma perda aceitável.
E finalmente, esta noite, mais um ciclo se fechou. Depois de ver uma primeira montagem, mais artesanal, de Next to Normal, em Minneapolis, já há bons 12 anos, após a qual houve uma conversa com a companhia de atores, na qual brilhei, por ser um psiquiatra na audiência, e porque naquela época ainda saía de meus agora titubeantes lábios algum inglês compreensível.
Em comparação com ontem, foi um musical mais singelo, mais adulto, mais pesado, desta vez visto lá de loooonge, no assento com ingresso baratinho. Custou vintão também, não as escorchantes 25 libras do Senhor dos Anéis.
E menção honrosa a meu chapéu de bruxo, que, quando colocado em cima de minhas entradas na testa, ativa toda minha tesudice e meu magnetismo animal, faz minha gostosibilidade pulsar magneticamente e torna inevitável que tantas e tantas pessoas passando pela rua irresistivelmente gritem elogios, acenem, cumprimentem, enlouqueçam!
Ainda não desceram do carro pra me beijar na boca, mas temos tempo, a viagem está apenas começando...