08.09 - Stratford-upon-Avon

Dia hoje de saldar uma dívida antiga comigo mesmo, existente desde quando, na minha UK tour de 2016, não consegui encaixar Stratford no programa. Dar uma esticada pra Inglaterra nesta viagem basicamente apenas para passar uma manhã passando na frente da casa de Shakespeare, da escola de Shakespeare, da barbearia de Shakespeare, o puteiro de Shakespeare e tudo mais Shakespeare e nem sequer pagar pra entrar é meio bisonho, mas, assim como o Silvio Almeida, somos quem podemos ser. Não ter visitado Stratford era como ter apalpado as coxas, as nádegas, a perseguida e o peitcho esquerdo, mas ter ficado devendo o peitcho direito pra mim mesmo.


Stratford certamente não é mais o que deve ter sido nos tempos do bardo, com esgoto a céu aberto e ratinhos de peste bubônica passeando alegremente pelas calçadas. O centro turístico da cidade de fato parece uma grande Abadiânia, com toda a economia e cotidiano gravitando seu ilustre munícipe, mas caminhando mais um pouco alcançam-se também aquele silêncio das cidades pequenas, um parque bacana, feirinha de rua com boa comida. 


Até uma missa consegui parasitar! No ano passado, por motivo óbvio de estar no oriente distante, foi dureza encontrar uma igreja católica para cometer meu sacrilégio anual, e dar aquela lambidinha no corpo de Cristo. Mas não este ano! Além de cumprir meu ritual gastronômico-metafísico de toda viagem, coisa para a qual sinceramente já estou muito velho e o mundo, muito intolerante, ainda deu pra filar uns docinhos de uma mesa montada para um evento subsequente. E usar o banheiro.
O sol saiu no final da manhã, só porque passei o dia carregando a capa de chuva enrolada embaixo do chapéu, caindo no chão a cada vez que o tirava. Deu até pra passar calor  cochilando na grama do parque e, de volta a Birmingham, conhecer o resto da cidade que não tinha dado tempo de ver ontem. Corrido, com uma coisa ou outra fechada por ser domingo, mas missão razoavelmente cumprida.

Pra encerrar o dia, jantamos o menu de degustação em um restaurante malaio. Em que pesem uns quiabos e berinjelas emporcalhando um dos pratos, e o preço em termos absolutos não ter sido barato, foi uma boa relação custo-benefício, e uma quantidade de comida diretamente injetada na pança mais pornográfica do que os lugares que os dedos do Silvio Almeida não-autorizadamente frequentam.

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